(Escre)ver-me
nunca escrevi
sou
apenas um tradutor de silêncios
a vida
tatuou-me os olhos
janelas
em que me transcrevo e apago
sou
um soldado
que se apaixona
pelo inimigo que vai matar
Fevereiro 1985
(Mia Couto. Raiz de orvalho e outros poemas. 3. ed. Lisboa: Caminho, 1999, p. 60)
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