domingo, 23 de outubro de 2011

(Escre)ver-me






nunca escrevi

sou
apenas um tradutor de silêncios

a vida
tatuou-me os olhos
janelas
em que me transcrevo e apago

sou
um soldado
que se apaixona
pelo inimigo que vai matar

                    Fevereiro 1985 

(Mia Couto. Raiz de orvalho e outros poemas. 3. ed. Lisboa: Caminho, 1999, p. 60)

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